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terça-feira, junho 28, 2005

Fernão Capelo Gaivota

Talvez seja ignorante mas desconhecia o livro de Richard Bach - "Fernão Capelo Gaivota". Falaram-me dele e logo mo emprestaram porque estava certo que iria gostar dele. Dito e feito.
É de facto um livro simples, como a vida, que nos faz sonhar, ou melhor ainda, que nos faz acreditar nos sonhos.
O livro é uma alegoria sobre a importância da busca dos propósitos mais nobres da vida. Uma gaivota que poderia ser qualquer um de nós. Uma gaivota que não se preocupa somente com a comida. Uma gaivota que se preocupa com a beleza do seu próprio vôo. Uma metáfora sobre o acreditar nos nossos próprios sonhos mesmo quando tudo indica que será uma luta difícil.
É um livro para as pessoas que inventaram as suas próprias leis quando sabem ter razão, que acreditam na justiça e num mundo melhor.
Olhar de frente, alcançar a perfeição, gostar muito, mas mesmo muito daquilo que se faz, eis o segredo do Fernão Capelo Gaivota.
Passa o tempo, passam os lugares, Fernão Capelo Gaivota vai em frente, voa, aprende, treina, paira sobre o comum do comum viver. O destino é o infinito, o caminho é nas alturas. Tudo espontâneo, natural, pois quem se ilumina cumpre a missão da luz, que vale para si e para todas as criaturas.

"Eu acredito que posso voar, que posso tocar o céu!"

segunda-feira, junho 27, 2005

«A felicidade não depende do que nos falta, mas do bom uso que fazemos do que possuímos.»
Thomas Hardy

"Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar"

Poema sobre a recusa - Maria Teresa Horta

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda

Um pouco de Florbela numa noite de verão...

Sonhos

Ter um sonho, um sonho lindo,
Noite branda de luar,
Que se sonhasse a sorrir...Que se sonhasse a chorar...

Ter um sonho, que nos fosse
A vida, a luz, o alento,
Que a sonhar beijasse doce
A nossa boca... um lamento...

Ser pra nós o guia, o norte,
Na vida o único trilho;
E depois ver vir a morte

Despedaçar esses laços!......
É pior que ter um filho
Que nos morresse nos braços!

Florbela Espanca

sábado, junho 18, 2005

Lenda Japonesa

Aqui está uma pequena lição de vida que um amigo meu me enviou por e-mail. Está deveras
interessante e é capaz de deixar qualquer um pensativo...
Era uma vez um grande samurai que vivia perto de Tóquio.
Mesmo idoso, dedicava-se a ensinar a arte zen aos jovens.
Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certa tarde, um guerreiro, conhecido pela sua total falta de escrúpulo, apareceu por ali.
Queria derrotar o samurai e aumentar a sua fama.
O velho aceitou o desafio e o jovem começou a insultá-lo.
Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu no seu rosto, gritou insultos, ofendeu os seus ancestrais.
Durante horas, fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível.
No final do dia, sentindo-se já exausto e humilhado, o guerreiro retirou-se.
E os alunos, surpresos, perguntaram ao mestre como ele pudera suportar tanta indignidade.
- Se alguém chega até ti com um presente e tu não o aceitas, a quem pertence o presente?
- A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.
- O mesmo vale para a raiva e os insultos.
Quando não são aceites, continuam a pertencer a quem os carregava consigo.
A sua paz interior depende exclusivamente de ti. As pessoas não lhe podem tirar a calma. Só se tu permitires...

Momento - Pedro Abrunhosa

Uma espécie de céu,
Um pedaço de mar,
Uma mão que doeu,
Um dia devagar.
Um Domingo perfeito,
Uma toalha no chão,
Um caminho cansado,
Um traço de avião.

Uma sombra sozinha,
Uma luz inquieta,
Um desvio na rua,
Uma voz de poeta.

Uma garrafa vazia,
Um cinzeiro apagado,
Um Hotel numa esquina,
Um sono acordado.
Um secreto adeus,
Um café a fechar,
Um aviso na porta,
Um bilhete no ar.

Uma praça aberta,
Uma rua perdida,
Uma noite encantada
Para o resto da vida.

Pedes-me um momento,
Agarras as palavras,
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas.
Levas a cidade
Solta no cabelo,
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento.

Uma estrada infinita,
Um anúncio discreto,
Uma curva fechada,
Um poema deserto.
Uma cidade distante,
Um vestido molhado,
Uma chuva divina,
Um desejo apertado.

Uma noite esquecida,
Uma praia qualquer,
Um suspiro escondido
Numa pele de mulher.

Um encontro em segredo,
Uma duna ancorada,
Dois corpos despidos,
Abraçados no nada.
Uma estrela cadente,
Um olhar que se afasta,
Um choro escondido
Quando um beijo não basta.

Um semáforo aberto,
Um adeus para sempre,
Uma ferida que dói,
Não por fora, por dentro.

Pedes-me um momento,
Agarras as palavras,
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas.
Levas a cidade
Solta no cabelo,
Perdes-te comigo
Porque o mundo é um momento


Porque todos nós aguardamos o "nosso" momento... O meu está quase aí... Falta pouco menos de um mês!

segunda-feira, junho 13, 2005

As Bandas Filarmónicas e a Medalha de Mérito do Município

Hoje, dia 13 de Junho de 2005, dia do Município, pelas 15:30h, no Edifício dos Paços do Concelho de Estarreja, as Bandas Filarmónicas irão receber uma medalha de mérito do Município.
As três bandas (Banda Visconde de Salreu, Banda Bingre Canelense e Banda Club Pardilhoense) receberão assim esta homenagem por tantas vezes representar o concelho de Estarreja pelos mais diversos pontos do País. Porque nós, músicos, tentamos sempre representar da melhor forma o Concelho que levamos bordado no peito.
A seguir à Sessão Solene, irá decorrer a Missa na Capela de Santo António e posteriormente a procissão que, pela primeira vez, será acompanhada pelas referidas bandas.

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquina
sem esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.


Este poema é da autoria do grande homem e poeta Eugénio de Andrade, que faleceu esta madrugada aos 82 anos. Depois de Fernando Pessoa, foi o poeta português mais traduzido, ou seja mais lido no estrangeiro. Um grande nome na poesia portuguesa. Até Sempre!

sábado, junho 11, 2005

Casa Roubada Trancas à Porta


A vigilância nas praias da Linha de Cascais vai ser reforçada com meios e efectivos «em número suficiente para fazer face à situação», garantiu à TSF o comandante metropolitano da PSP de Lisboa, superintendente Oliveira Pereira. Também falando à rádio, o presidente da Câmara Municipal de Cascais, António Capucho, sublinha que vai pedir ao Ministro da Administração Interna, António Costa «medidas de fundo».
O autarca de Cascais encontra-se com o MAI este fim-de-semana para analisar a invasão que ocorreu sexta-feira na praia de Carcavelos, quando 500 jovens, entre os 12 e os 20 anos, tomaram conta do areal ao início da tarde, e começaram a assaltar e a agredir os banhistas. Os incidentes causaram ferimentos em três civis e dois polícias, tendo sido detidas quatro pessoas. Três dos detidos foram-no por agressão às autoridades.
A situação está a preocupar o presidente da Câmara de Cascais, que se queixou da falta de policiamento nas praias do concelho, e a necessidade de actuar perante um fenómeno «absolutamente assustador» e «gravíssimo».
Este sábado o super-intendente Oliveira Pereira, do Comando Distrital de Lisboa da PSP, garantiu à TSF que a presença policial nas praias vai ser reforçada. «Em todas as praias em que eventualmente haja alguma ameaça nesse sentido serão reforçadas» as condições de segurança, «com vigilância suplementar, nomeadamente com meios mais enérgicos e mais reforços».
Fonte: Diário Digital
É pena estas medidas serem tomadas após o mal estar feito. Mas como diz o velho e famoso ditado: Mais vale tarde que nunca...

sexta-feira, junho 10, 2005

Portugal

Quando olho o mapa por inteiro
Pró Atlântico de rosto voltado
Vislumbro o perfil alucinado
Da cabeça de um velho marinheiro

No Porto... A fronte de um tripeiro
Em Coimbra... O sobrolho carregado
Em Lisboa... O nariz recurvado
Em Setúbal... A boca de guerreiro

Olhando mais ainda o roteiro
Do meu país outrora triunfante
Vejo a leve barbicha do Infante
Em Sagres no queixo altaneiro

Por fim, no horizonte derradeiro
Madeira e Açores... O que serão?...
Quiçá as lágrimas de uma Nação
Que foi real e sonho verdadeiro!...

António Torres da Guia

quinta-feira, junho 09, 2005

Festival Imaginarius

Entre os dias 16 e 19 de Junho, irá decorrer o Festival Internacional de Teatro de Rua em Santa Maria da Feira.
Vários grupos nacionais e internacionais irão transformar as ruas da cidade num palco gigante onde todos poderão apreciar os vários teatrinhos e animações.
Para mais informações, aconselho uma visita à página do Imaginarius.
Pena é que, por estas bandas, tais acontecimentos não tenham lugar. Acabo de ver a página de Aveiro e nenhum acontecimento deste género está agendado para os próximos tempos. Convém lembrar que Aveiro é a nossa capital de distrito!
Pela Murtosa, a pacatez continua... Parece que em Julho, haverá um concerto de bandas de garagem ou algo parecido! Fantástico! (É mesmo ironia!).
Quanto à recém cidade de Estarreja, sempre temos o Luís Represas logo à noite, pelas 22:30h. Valha-nos o Santo António e as suas festas!

segunda-feira, junho 06, 2005

Um Dia

Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.

O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.

Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.

Sophia de Mello Breyner

quarta-feira, junho 01, 2005

Dia Mundial da Criança

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o Dia Mundial da Criança não é só uma festa onde as crianças ganham presentes.

É um dia em que se pensa nas centenas de crianças que continuam a sofrer de maus tratos, doenças, fome e discriminações (discriminação significa ser-se posto de lado por ser diferente).
Sabia que o primeiro Dia Mundial da Criança foi em 1950?
Tudo começou logo depois da 2ª Guerra Mundial, em 1945. Muitos países da Europa, do Médio Oriente e a China entraram em crise, ou seja, não tinham boas condições de vida.
As crianças desses países viviam muito mal porque não havia comida e os pais estavam mais preocupados em voltar à sua vida normal do que com a educação dos filhos. Alguns nem pais tinham!
Como não tinham dinheiro, muitos pais tiravam os filhos da escola e punham-nos a trabalhar, às vezes durante muitas horas e a fazer coisas muito duras.
Sabia que mais de metade das crianças da Europa não sabia ler nem escrever? E também viviam em péssimas condições para a sua saúde.
Em 1946, um grupo de países da ONU (Organização das Nações Unidas) começou a tentar resolver o problema. Foi assim que nasceu a UNICEF.
Mesmo assim, era difícil trabalhar para as crianças, uma vez que nem todos os países do mundo estavam interessados nos direitos da criança.
Foi então que, em 1950, a Federação Democrática Internacional das Mulheres propôs às Nações Unidas que se criasse um dia dedicado às crianças de todo o mundo.

Este dia foi comemorado pela primeira vez logo a 1 de Junho desse ano!

Com a criação deste dia, os estados-membros das Nações Unidas, reconheceram às crianças, independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem nacional ou social o direito a:
- afecto, amor e compreensão;
- alimentação adequada;
- cuidados médicos;
- educação gratuita;
- protecção contra todas as formas de exploração;
- crescer num clima de Paz e Fraternidade universais.

Sabia que em só nove anos depois, em 1959 é que estes direitos das crianças passaram para o papel?
A 20 de Novembro desse ano, várias dezenas de países que fazem parte da ONU aprovaram a "Declaração dos Direitos da Criança".Trata-se de uma lista de 10 princípios que, se forem cumpridos em todo o lado, podem fazer com que todas crianças do mundo tenham uma vida digna e feliz.

Claro que os Dia Mundial da Criança foi muito importante para os direitos das crianças, mas mesmo assim nem sempre são cumpridos.
Então, quando a "Declaração" fez 30 anos, em 1989, a ONU também aprovou a "Convenção sobre os Direitos da Criança", que é um documento muito completo (e comprido) com um conjunto de leis para protecção dos mais pequenos (tem 54 artigos!).
Esta declaração é tão importante que em 1990 se tornou lei internacional!
Todos nós temos uma criança em nós... Que este dia sirva para reflectir sobre os muitos problemas ainda por resolver pelo Mundo no que diz respeito às leis da Criança.